Por detrás da porta, estabelecia uma ligação formal com a estrutura do exterior e estava associada uma instalação sonora que acompanhava um apagar e aceder de luzes que, através de um sensor de presença, activava uma dinâmica dialógica entre a peça e os espectadores. Através deste objecto, que remete para a presença e/ou ausência humana no interior de uma casa, relacionam-se aspectos ligados à redundante questão: quem espreita quem? Estabelece-se assim, uma relação entre exterior-interior, público-privado, silêncio-ruído, aliados à enigmática presença de um som de rádio mal sintonizado, que adquire diversas texturas sonoras, e provoca a atenção do espectador que procura um referente qualquer. Deste modo, imprime-se a este trabalho um carácter de constante mutação, definido pelas alterações sonoras que se verificam segundo as condições do meio onde ele é inserido e determinam o aspecto aleatório da peça.